terça-feira, 28 de agosto de 2007

SITES DE GRUPOS DE TEATRO E COMPANHIAS QUE PRODUZEM MATERIAL TEÓRICO SOBRE O FAZER TEATRAL.

Os sítios virtuais são espaços para a publicação da produção teórica dos criadores que participam direta ou indiretamente, no trabalho do grupo. Outrossim, é um espaço de diálogo com pensadores das artes do teatro. Dois exemplos dessa natureza de ação são a Revista Folhetim, produção de resistência do Teatro do Pequeno Gesto e os artigos publicados pelos Satyros, principalmente sobre seu Teatro Veloz.

TEATRO DO PEQUENO GESTO[1]

Em 2001 o Teatro do Pequeno Gesto, dirigido por Antonio Guedes, comemorou 10 anos com um festival onde todo o seu repertório de atividades foi apresentado de forma condensada.A partir de 1996, o Teatro do Pequeno Gesto tornou-se uma companhia de repertório e, hoje, viaja por todo o país com seus espetáculos e oficinas.
Em 1998, além de ter acumulado seis indicações para os principais prêmios do Rio, somou aos seus trabalhos a edição de uma revista quadrimestral de ensaios sobre teatro, o Folhetim Teatro do Pequeno Gesto.
A variedade de atividades desenvolvidas pela Companhia denota o perfil da nossa atuação: não basta produzir espetáculos, é necessário também refletir sobre as formas e os caminhos da produção teatral.


Revista Folhetim

Folhetim é uma revista de ensaios sobre teatro que nasceu dos programas que o Teatro do Pequeno Gesto elaborava para suas produções, procurando, a cada vez, estabelecer uma relação entre o pensamento estético e a criação daquele espetáculo em particular.
Fátima Saadi, Antonio Guedes, Ângela Leite Lopes e Walter Lima Torres integram o Conselho Editorial de Folhetim, que tem se preocupado em publicar traduções de textos essenciais da literatura sobre teatro, ainda inéditos no Brasil, bem como a produção recente de jovens ensaístas, além de longas entrevistas com profissionais de teatro.


Estes são os espetáculos que encenamos ao longo desta década:

1991Quando nós os mortos despertarmos, de Henrik Ibsen
1993O Marinheiro, de Fernando PessoaValsa nº 6, de Nelson Rodrigues
1995Penélope, de Antonio Guedes e Fátima Saadi
1998O fantasma de Canterville, de O. WildeO jogo do amor, de MarivauxA serpente, de Nelson Rodrigues
2000Henrique IV, de Luigi Pirandello.
2002A rua dos cataventos, de Marcos França,inspirado na obra de Mario QuintanaMedéia, de Eurípides
2003O homem da flor na boca, de Luigi PirandelloNavalha na carne, de Plínio Marcos
2004Vestir os nus, de Luigi Pirandello

Os Sátiros.

Fundada em 1989 em São Paulo por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, Os Satyros[2] iniciaram a pesquisa de um teatro essencialmente experimental. Em 1990, a partir da montagem “Sades ou Noites com os Professores Imorais”, da obra homônima do Marquês de Sade, que estreou no Teatro Guaíra, em Curitiba, a companhia provocou polêmica e dividiu a crítica especializada. Os Satyros tiveram muita dificuldade em localizar um espaço para a apresentação do espetáculo na cidade de São Paulo. Foi então que a companhia assumiu a administração de um pequeno teatro abandonado no tradicional bairro paulistano da Bela Vista, chamado Teatro Bela Vista. Além de conseguirem apresentar o espetáculo, iniciaram um período de forte intervenção cultural que se prolongaria até a transferência da companhia para a Europa. Com a estréia do espetáculo, a imprensa e os críticos elogiavam a coragem do grupo; por outro lado, criticavam a crueza com que a companhia tratava a obra de Sade. O saldo: um ano em cartaz, seis indicações ao Prêmio APETESP de Teatro, incluindo as categorias de Melhor Espetáculo, Direção e Ator Protagonista, e a aquisição do Teatro Bela Vista.

A Sistematização de um trabalho:
Em 1995 quando a Companhia de Teatro Os Satyros estava estabelecida em Lisboa, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, respectivamente ator e diretor, deram início a um trabalho que, partindo de alguns conceitos e técnicas, formavam uma unidade para o desenvolvimento dos trabalhos da companhia. A este conjunto de idéias e procedimentos deram o nome de Teatro Veloz.


Teatro Veloz.


Chamamos de Teatro Veloz o conjunto de exercícios e atividades que têm na sua aplicabilidade, resultados eficazes na instauração do estado criativo necessário ao desenvolvimento de pesquisas em Artes Cênicas que resultem, em última instância, em espetáculos teatrais como "Medea", "Kaspar" e "De Profundis". São exercícios que, embasados pela Bioenergética, alguns, e fundamentados nas teorias preconizadas por mestres como Stanislavski, Meyerhold e Artaud, entre outras influências, no caso das práticas de atuação cênica, levam os indivíduos envolvidos em um mesmo processo criativo à reflexão, ao auto-conhecimento e a uma apreensão diferenciada do todo em que se inserem, segundo disposições do imaginário. Um dos objetivos do Teatro Veloz é predispor os atores a uma prontidão de respostas aos estímulos oriundos do meio, com o envolvimento emocional e intelectual dos participantes. Esse Teatro, como um catalizador de processos que condicionam o indivíduo a repensar a sua realidade e a se reposicionar em relação a ela, é fruto de um dos princípios que norteiam as atividades da Companhia dos Satyros, calcado no não –conformismo e resistência aos padrões arbitrariamente impostos pelo meio social. A resposta imediata às imposições sociais se faz necessária, assim, em termos artísticos. A instrumentalização dos atores dá-se por meio de técnicas corporais, vocais e jogos teatrais, de modo que as disposições do imaginário possam estar sempre aserviço da criatividade.

Teatro Veloz reage rapidamente aos questionamentos que o mundo nos coloca em contraposição a uma sociedade consumista de alta velocidade aparente. O Teatro Veloz busca resgatar o ritual dentro de uma velocidade interior, uma alma veloz. A globalização e a massificação consumista fizeram de nós consumidores vorazes e artistas instantâneos. Como forma de resistência e redescoberta da humanidade perdida, o Teatro Veloz propõe a suspensão do “tempo-vale-ouro-capitalista” para o tempo do encontro, da comunhão ritualística. A partir destes conceitos, desenvolveram um treinamento cujos objetivos principais foram: a recuperação do estado criativo absoluto no imaginário do ator; a recuperação da sonoridade sem o uso da palavra racional; e a recuperação do caráter ritualístico do teatro. Na ocasião, Os Satyros trabalhavam com uma equipe coesa, que permaneceu na companhia por vários anos. Os encontros eram diários, com aproximadamente seis horas de trabalho. Experimentaram, então, a metodologia que viria a consolidar alguns dos mais expressivos processos de Os Satyros: "Sappho de Lesbos" (em duas diferentes montagens: 1995 e 2001), "Hamletmachine" (1996), "Killer Disney" (1997), "Maldoror" (1998), "Medea" (1999), "Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte" (2000) e "De Profundis" (2002-2003).Conheça aqui algumas reflexões de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez sobre o trabalho da companhia. Os artigos aqui disponibilizados têm sido escritos para o Jornal do Estado, de Curitiba, e para o site Aplauso Brasil.
Por que uma comédia sobre uma travesti apaixonada por um extra terrestre?, por Rodolfo García Vázquez
Artaudiando III, por Ivam Cabral
Artaud: a metafísica tem que entrar pela pele, por Ivam Cabral
Crueldade, por Ivam Cabral
Teatro da Crueldade, por Ivam Cabral
Artaudiando II, por Ivam CabralArtaudiando..., por Ivam Cabral
Rito: Linguagem Secreta, por Ivam Cabral
O Corpo e seu Espaço, por Ivam Cabral
A vida por aqui, na praça Roosevelt, por Ivam Cabral
Fazemos um teatro crítico, isso é inegável, por Rodolfo García Vázquez
Pode a dramaturgia nacional mofar?, por Rodolfo García Vázquez
A Experiência da Pré-Atuação, um Depoimento, por Ivam Cabral
António Damásio, por Ivam Cabral
O sertão vai virar Brölin?, por Rodolfo García Vázquez
Algo Muito Sério Vai Acontecer, por Ivam Cabral
O BBB da Vida, por Rodolfo García Vázquez
Alguns Caminhos Científicos que se Abrem para o Treinamento do Ator, por Ivam Cabral
O teatro na condição pós-moderna, por Ivam Cabral
A Pré-Atuação, a Síntese do Ator, por Ivam Cabral
O teatro à beira de um colapso, por Rodolfo García Vázquez
Cultura: trabalho continuado, por Ivam Cabral
De Larva a borboleta a qualquer outra coisa que a tecnologia possa permitir, por Ivam Cabral
O teatro oculto das conveniências, por Rodolfo García Vázquez
E Teremos Salvação?, por Ivam Cabral
O Corpo é uma Pilha Elétrica, por Ivam Cabral
O Nosso Estado de Coisas e as Perspectivas do Teatro, por Ivam Cabral
O Teatro das Bundas, por Ivam Cabral
O Teatro das Maravilhas, por Ivam CabralPrecisamos de Meyerhold no Teatro, por Ivam Cabral
Transformações Psicofísicas e Não Só, por Ivam Cabral
Uma Operação Complexa, por Ivam Cabral


[1] http://www.pequenogesto.com.br/


[2] http://www.satyros.com.br/principal.asp

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