terça-feira, 21 de agosto de 2007

As práticas narrativas hipermidiáticas de processos de criação de artistas da cena


Por absorver este conceito para o interior de minha pesquisa, o meu desejo pelo teatro se amplia. Desejo um conjunto, em conjunto. E se desejar é construir agenciamentos, quero agenciar o meu teatro com esta nova cena, ela própria resultante do agenciamento entre as novas tecnologias da informação e as novas redes telemáticas. Esta nova cena já tem um espaço, uma via, uma infovia: é o ciberespaço. Ao desterritorializarmo-nos, como artistas da cena, em sites - que farão de nossas escrituras possibilidades de novas reterritorializações criativas – re-visitamos nossas criações para desconstruí-las em novos suportes e em nova materialidade, produzindo novas criações, Tudo isto de forma sempre coletivizada, pois a cada novo acesso, é a mão do usuário que, também cria e do artista que recria. Exercício fundamental para todos nós.

O processo de publicação do privado pelo ciberespaço – como é o caso da sala de ensaios, até hoje reservada apenas para alguns eleitos; as vidas de obras em construção, abertas a tantos e variados acessos, a interação entre autor-obra-leitor, em rede, como novas poéticas digitais produzindo novas obras de arte, são questões que já apontam que é chegada a hora, de aproximarmos as artes da cena, definitivamente, das novas formas hipermidiáticas. Formas que possam ir além de blogs de celebridades e que, já podem demarcar um espaço de valor, como produtos da cibercultura, tanto pela quantidade quanto pela qualidade de websites que dizem muito do teatro, na contemporaneidade.

Quando se fala, hoje, do poder virtual no mundo globalizado, não é mais possível desconhecer o que seja o poder da cibercultura - concentrado ou não no ciberespaço; escrito em formatos hipermidiáticos - e que muito mais que obras únicas e reprodutíveis, geram obras disponibilizáveis. Esta disponibilidade da escrita eletrônico-digital é explicitamente revelada, não apenas por seus baixos custos ou sua facilidade de copiagem, mas sim e, fundamentalmente, por seu caráter de interatividade. Para este blog, as idéias de interatividade defendida por Lemos, deixam claras as intenções desta pesquisa:


A interatividade digital caminha para a superação das barreiras físicas entre os agentes (homens e máquinas), e para uma interação cada vez maior do usuário com as informações, e não com objetos no sentido físico.[...] Essa nova qualidade da interatividade (“eletrônico-digital”), como os computadores e o ciberespaço, vai afetar de forma radical a relação entre o sujeito e o objeto na contemporaneidade. [...] A interatividade digital, a partir dos hipertextos, fez com que os produtores culturais mudassem suas formas de concepção dos conteúdos de seus produtos. Assim, se com o “broadcasting” os produtores tinham como objetivo realizar uma programação que captasse a audiência de forma homogênea, com os novos media digitais interativos, o que está em jogo é um “metadesign”. [...] O “metadesign” deixa livre o utilizador para que ele participe também do processo de concepção. Estabelece-se, dessa forma, um processo não-linear de concepção e de utilização (interatividade) dos conteúdos.
(Disponível em
http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/artigos.html acessado em 24 de dezembro de 2005).



As práticas narrativas hipermidiáticas de processos de criação de artistas da cena, que assumem formatos diversos no ciberespaço - sites, blogs, fotologs, vídeologs, podcasts, grupos de discussão, etc., formam, potencialmente, o conjunto de gêneros digitais que, se caracterizam como objeto de minha pesquisa. Para problematizá-los, ativo-os com as seguintes questões: Como as configurações das escrituras digitais (websites, blogs, grupos de discussão, etc.) seriam mídias propícias ao registro e narração de processos de criação das artes da cena, considerando, aproximações e diferenças entre as propriedades das duas linguagens, a cênica e a multimidiática? Como a utilização de recursos eletrônico-digitais aumentaria as possibilidades de instaurar novos processos de registros da criação teatral? E, ao produzir uma escrita digital, portanto hipermidiática, durante o processo de construção do trabalho cênico, que revele seus elementos constitutivos, como seria possível a sua utilização como um novo assistente de criação dentro do processo?

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