quarta-feira, 22 de agosto de 2007

AGENCIAMENTOS COM OUTROS CARTÓGRAFOS II

PROPOSTA CONSTRUÍDA PELO PROF. DR. VICENTE GOSCIOLA[1]:


A) – DA ANÁLISE DE ROTEIRO DE HIPERMÍDIA:


Segundo o autor Vicente Gosciola, o roteiro da hipermídia pode prever as seguintes características audiologovisuais das seqüências de telas, ou cenas:

· planificação: determina o tamanho e a localização na tela, das imagens, sons e textos;

· movimentação: definem o movimento da câmera e o movimento das imagens, sons e textos;

· transição: o link determina algumas maneiras de realizar a passagem de uma tela para outra.

O prof. Gosciola identifica o link por sua natureza, como um elemento vivamente presente na obra hipermidiática, idealizado na etapa de roteirização e determinado por três características:

· comportamento: tipos de links definidos por sua ação em relação ao conteúdo, pela forma como comunica a presença de outro conteúdo;

· estruturação: links que definem para o conteúdo em qual localização e em qual momento do seu desenvolvimento se faz a sua apresentação ao usuário;

· repetição: o quanto e como os links se repetem, constituindo um certo ritmo, construindo a unicidade, tornando a obra hipermidiática una.


B) – DOS ELEMENTOS DE ANÁLISE DA ROTEIRIZAÇÃO DE OBRAS MULTIMIDIÁTICAS:


Gosciola ressalta que não é levada em conta a interface (figura que não pertence ao foco central do objeto de estudo de seu livro) pela qual o link se apresenta. A interface da hipermídia já é um tema amplamente discutido em publicações especializadas. Em seu livro, Vicente, concebe que a interface é um dos componentes da hipermídia e assim é tratada ao se considerar o papel do link como um elemento de comunicação dessa hipermídia. Portanto, o autor considera que esses itens são estendidos e ampliados para determinar os seguintes elementos de análise das obras:

· Sobreposição: acesso para um novo conteúdo por sobreposição

a) Parcial: sobreposição a tela, a imagem, ao texto, ou ao som anterior, de maneira semi-eclipsada, que permite uma leitura, ou uma aprecia­ção. simultânea dos conteúdos incorporados na tela, trazendo significados a mais para o usuário.

b) Total: sobreposição que substitui em termos visuais e sonoros o conteúdo anterior, que obstrui por completo a percepção do texto, imagem ou som disponíveis no conteúdo anterior, mas que aparenta ao usuário uma sucessão de conteúdos, uma fruição da obra, um fluxo de significados de efeito comunicacional distinto da sobreposição parcial.

· Estruturação:

a) Espacial - link que define para o conteúdo de que forma se dá a sua apresentação na espacialidade do ambiente hipermidiático:
· estático - o link traz ou retira o conteúdo fixo na tela;

· dinâmico - o link traz ou retira o conteúdo em movimento na tela.

b) Temporal - comunicação sobre o acesso para diferentes momentos do desenvolvimento de determinado conteúdo (texto, imagem ou som, todos em movimento); o link permite ao usuário acessar ou interferir na apresentação do conteúdo nas seguintes modalidades:

· determinado - quando ha um tempo de espera, o usuário aciona o link que inicia e encerra a apresentação.

· continuo - onde o usuário acessa o conteúdo sem interferir na sua continuidade, o conteúdo esta em execução continua (looping) e é apresentado sem que o usuário possa determinar a exibição a partir do seu inicio, mas podendo interromper a sua execução a qualquer momento pela possibilidade de fechar ou mudar de conteúdo.

· editado – quando o usuário pode iniciar e terminar a apresentação em qualquer ponto de um conteúdo.

· Repetição:

Fator plenamente previsível pelo roteirista, a repetição de determina­do link promove certa identificação entre as telas; o usuário experimenta um tipo de ritmo durante a utilização; assim, a utilização que o usuário faz da obra constrói a unicidade, torna a obra hipermidiática una, coesa, um feito que é muito almejado por obras que possuem um número quase incontável de conteúdos e que não é garantido apenas pelo cuidadoso trabalho de coesão da arte gráfica e dos textos entre todas as telas da hipermídia..

Vicente Gosciola enriquece sua proposta de análise, quanto ao aspecto da origem das obras a serem analisadas, somando a definição elaborada por Lúcia Santaella[2] de tipos de hipermídia:

· instrucionais: voltados para a solução de problemas.
· ficcionais: incorporam a interatividade na escritura ficcional.
· artísticos: produção e transmissão de atividades criativas para a sensibilidade.
· conceituais: produção e transmissão de conhecimentos teórico-cognitivos.

Outra contribuição que o autor traz ao seu método de abordagem da hipermídia é a classificação dos tipos de roteiros proposta por Luli Radfahrer.[3]. Classificação esta, sintetizada a partir de sua experiência profissional e de suas observações, segundo Gosciola:

· lineares: tem a estrutura como uma seqüência obrigat6ria, com botões apenas para avançar, voltar, home page, tipo play - pelo qual as informações vão se sucedendo sem a possibilidade de interferência do usuário - e tipo stop.

· hierárquicos: são parecidos com organogramas e se estruturam por botões, de voltar ou home page;

· conectados: aglutinam informações por similaridade: as informações se correspondem mesmo sem ser especificamente comuns entre si através de links e estruturas de hipertexto;

· interativos: o próprio usuário pode definir a ordem das teclas;

· multidimensionais: prevê a possibilidade de transição entre os níveis de aprofundamento.

O cuidado, no detalhamento das propostas deste autor e suas influências, revelam o interesse em aplicá-los, com muita atenção, na concepção do exercício prático de construção de um site/blog TEATRÁLIA - resultado prático de desdobramento deste estudo – que experimente narrar um processo de criação teatral. Este será disponibilizado como mais um instrumento da criação, tanto entre os próprios artistas da cena quanto entre eles e possíveis espectadores on-line do processo, potenciais colaboradores.

[1] GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as novas mídias. São Paulo. Editora Senac, 2003.
[2] Lucia Santaella. "Hipermídia: a trama estética da textura conceitual”. em Sérgio Bairon & Luis Carlos Petry. /Hipermídia: psicanálise e história da cultura,, making of (Caxias do Sul. \ São Paulo: Educs \ Mackenzie. 2000). p. 9.

[3]Luli Radfahrer, Desing\web\desing: 2 (São Paulo: MarketPress, 2000), pp.137-138.

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