quarta-feira, 22 de agosto de 2007

AGENCIAMENTOS COM OUTROS CARTÓGRAFOS I

Na literatura etnográfica encontrada para este novo ambiente, o ciberespaço, destaca-se quatro concepções que por seus encaminhamentos, são complementares no auxílio à elaboração desta ciberetnografia, isto é, cartografia do teatro. Todas foram selecionadas por um único critério: atuarem sobre hipertextos artísticos, disponibilizados na web. Para realizar este trabalho, na medida em que for apresentando os autores, suas categorias e definições encontradas, estarei articulando-os com os dados coletados em minha pesquisa online.


PROPOSTA CONSTRUÍDA PELO PROF. DR. GILBERTTO PRADO[1]:

Uma classificação possível, em categorias, das práticas narrativas hipermidiáticas disponibilizadas em rede, que de alguma forma refletem práticas contemporâneas e artísticas, é fornecida por Gilbertto Prado. O autor divide os trabalhos em duas tipologias distintas. A primeira, segundo suas próprias palavras:

· Site de divulgação: A maioria dos sites que se encontra sobre a rubrica "arte" na Internet fazem parte desta categoria, enquanto imagens digitalizadas do que está exposto em galerias e espaços museais. A rede nesses casos funciona basicamente como um canal de informação, onde o caráter de informação e de divulgação é prioritário e remetem todo tempo à obra "original" e/ou a seu autor e/ou ao espaço de exposição.Ainda dentro desta mesma categoria, embora como grupos intermediários (entre a via rede e na rede) estão os Museus Virtuais e Espaços de Exposições Eletrônicas, que servem como estruturas de divulgação de obras e mostras de artistas eletrônicos.


A maioria dos sites, por serem mais sobre teatro do que, de teatro, estão nesta categoria. A segunda, de fundamental interesse para esta pesquisa é a seguinte:


· Site de realização: Nesta categoria encontram-se os espaços e os eventos elaborados especificamente para atuarem na rede, priorizando a intervenção dos participantes. Essa participação pode ser compartilhada diretamente com outros usuários ou ser desencadeada a partir de dispositivos especificamente desenvolvidos para tais eventos. Aqui não se pretende definir os artistas por uma única forma de trabalhar como sua característica exclusiva. As diferentes aproximações artísticas de produção em rede não se excluem, elas são algumas vezes complementares e geralmente concomitantes.
(Fonte: http://www.cap.eca.usp.br/wawrwt/gilbertto/index.html)


Nós, os artistas da cena, por acreditamos na efemeralidade, presencialidade, essencialidade e todas as “idades” classificatórias do fazer teatral, dificilmente, pensamos em produzir sites na categoria de realização, porque isso nos parece impossível com a matéria teatral. Com uma proposta de desterritorializar o teatro e reterritorializá-lo em outra matéria, seriam raríssimas as obras disponibilizadas, mas é com precisão que Maria Luíza Fragoso[2] esclarece a amplitude desta categoria:

Atualmente, entre os vários sites de realização artística na internet, estão os sites poéticos, os técnico-formais, os irônicos, os ativistas, os subversivos, os blogs ou orkuts, os ambientes de colaboração telepresencial (CUSeeME, Ivisit, etc.), os de vídeo streaming, os buscadores em rede, os browsers, os narradores de estórias, os que viabilizam a produção e a destruição de interfaces, os ASCII, os ambientes interativos multiusuários (VRML), os desenhos em GPS, os onlines softwares, os pranks para a construção de identidades falsas, entre outros – a maioria deles, buscando dentro de seu estilo, cada vez mais, a comunicação e a interração com o usuário da Rede. (FRAGOSO, 2005, pg. 105).

Com esta ampliação do conceito de site de realização, podemos considerar que não somente a proposta da Sala de Ensaio Online, desenvolvida neste blog, está aí localizada, como também muitas das produções hipermidiáticas dos artistas da cena, em diversos gêneros digitais.

[1] Nasceu em Santos, em 1954. Artista multimídia, com doutorado em artes e ciências da arte pela Universidade de Paris I, Panthéon Sorbonne. Membro do grupo Art-Réseaux, Paris. Desde 1981, participa de exposições e projetos no Brasil e no exterior, como Doppo il Turismo Vienne iI Colonialismo (Centro Lavoro Arte, Milão, 1989); City Portraits/Art-Réseaux (Galerie Donguy, Paris, 1989); Moone, Atelier des Réseaux - Machines à Communiquer (La Villette, Paris, 1992); Mutations de l’Image, com o Art-Réseaux (Vidéothèque de Paris, 1994); Arte e Tecnologia (MAC/USP, São Paulo, 1995); Mediações (Itaú Cultural, São Paulo, 1997); City Canibal (Paço das Artes, São Paulo, 1998); e Seleção de Web Arte da 24ª Bienal Internacional de Sâo Paulo (1998). No ano de 1999, participa da 1ª Bienal de Arte da América Latina (La Grande Arche La Defense, Paris); da exposição Imateriais (Itaú Cultural, São Paulo); e da 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (Porto Alegre). Em 2000, participa, entre outras exposições, de Medi@terra (Atenas); AAA/Isea (Paris); e Link_Age/Mecad (Barcelona). Foi professor do Departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp. Atualmente, é professor do Departamento de Artes Plásticas da ECA/USP. (fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/arttec/index.cfm?fuseaction=detalhe&cd_verbete=5960)

[2] Fragoso, Maria Luíza. Arte na internet, in Fragoso, Maria Luíza (org.) Arte >ou = a 4D – Arte Computacional no Brasil. Brasília. UNB, 2005.

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