segunda-feira, 27 de agosto de 2007

SITES DE GRUPOS DE TEATRO E COMPANHIAS QUE UTILIZAM O TEATRO COMO A IMAGEM INDUTORA DE SUA INTERFACE.

O que caracteriza este grupo de sites é a utilização de elementos teatrais (abertura de cortinas, aplausos, spots lights, palcos, platéias, etc.) como interface na relação com o usuário. De diversas maneiras esta metáfora é utilizada na construção do sites: na animação de abertura, na passagem entre as páginas, como uma pequena janela de notícias atualizadas sobre as atividades do grupo, etc. A cortina da Boca de Cena é a imagem mais recorrente nos sites de teatro.Outra possibilidade do uso do teatro como interface é a exemplo da Companhia Ensaio Aberto que com sua home page coloca a nós usuários/navegadores, como integrantes de sua platéia:


A, exemplo, do que farei em cada um desses blocos de destaque, transcrevo textos, completos ou parciais, demonstrando a qualidade dos conteúdos disponibilizados em seus documentos digitais, acessível na íntegra, aos leitores conectados.


Uma pequena história da Companhia Ensaio Aberto[1]

Você acha que no mundo alguém imaginou um poema sobre o ato de catar feijãopara botar o feijão para cozinhar? Você vê que em geral o sujeito escreve, escreve sobre o Espírito Santo que desceu, escreve sobre o já poético. Eu tenho a impressão de que você deve fazer poesia procurando elevar o não-poético à categoria de poético. João Cabral de Melo Neto em busca de um teatro necessário. Em 1992 um grupo de profissionais dos diversos ofícios teatrais reuniu-se para conversar sobre o panorama do teatro no quadro geral da sociedade brasileira contemporânea. Tomou-se como ponto de partida consensual a existência de um vazio correspondente a um Teatro assumido, em sua vocação crítica e politizada, um Teatro que aceitasse ser uma arena de discussão da realidade, um Teatro onde o Mundo seria visto como prioridade, mais importante do que a própria cena. Reencontrar este caminho é resgatar para o palco uma função social, e para a platéia um público atualmente afastado, formado por pessoas que recusam uma visão simplista do Teatro.

Pontos de partida

Duas idéias passaram a constituir pedras angulares do Teatro em construção:

1) o estabelecimento de uma nova relação palco-platéia abandonando o ilusionismo e a identificação causadores da esterilidade de um espetáculo. Ao contrário, o que se busca não é mais representar a realidade ao vivo, mas a imagem de um pedaço da realidade retirado do fluxo contínuo da vida, gerando assim a reflexão.
2) estabelecido este novo padrão de relacionamento com o público, o Teatro pode alcançar sua função maior, ou seja, participar da verdadeira cidadania e do debate em torno das questões prementes e dilacerantes que atingem sociedades carentes de mudanças.o cemitério dos vivos: um paradigma.

O primeiro encontro da Companhia Ensaio Aberto com o público acontece em janeiro de 1993 com o espetáculo O Cemitério dos Vivos. O diretor Aderbal Freire Filho falou sobre o espetáculo: “O teatro que descobriu o caminho de volta da sala para a cidade pode inventar sua nova arquitetura ou atacar a cidade diretamente. Nestes casos, a mistura de drama e realidade tem um valor político irrecusável. Um espetáculo no próprio corpo da cidade precisa ser construído por quem sabe deste poder político. A qualidade fundamental de O Cemitério dos Vivos é esta consciência, que o diretor Luiz Fernando Lobo tem profundamente e que seus atores também demonstram ter. É por causa disso que eles fazem um espetáculo belo e eficiente, isto é, com um sentido que justifica o ataque a cidade. Indo aos limites da beleza teatral, como quando um ator chega, no teto do edifício, à beira do abismo, O Cemitério dos Vivos está indo ao limite da consciência que mantém o homem vivo”.

O caminho da consolidação: na contramão do circuito

No biênio 1993/94 implementado o projeto inicial com a trilogia O Cemitério dos Vivos, Pierrô Saiu à Francesa e A Missão, a Companhia Ensaio Aberto amadurecida pelos acertos e dificuldades, e acima de tudo pela experiência de fazer um teatro transformador de idéias em espetáculos, de possibilidade em realidade, entendeu ser o momento oportuno para um passo há muito projetado: a ocupação de um espaço por um período maior.

Por um teatro público

A Ensaio Aberto, desde a sua fundação, defende que os grupos e as companhias de teatro devem ser subsidiados pelo poder público. No triênio 1998, 1999 e 2000 a Companhia Ensaio Aberto ocupou um espaço público no coração do Rio: O Teatro Glauce Rocha. Apesar da companhia não ser subsidiada, esta ocupação possibilitou o desenvolvimento de um projeto de acesso aos espetáculos de um público carente, historicamente afastado dos teatros. Desde então o movimento social organizado, as universidades e escolas públicas passaram a andar sempre lado a lado com a Ensaio Aberto. Promovendo "um trabalho modelo de formação de platéia. Pintados, em sua maioria, com fortes tintas políticas, os espetáculos da Companhia Ensaio Aberto, do diretor Luiz Fernando Lobo, sempre atraíram a atenção dos líderes partidários de esquerda e integrantes do movimento dos Sem-Terra .

Uma companhia internacional

No ano de 2000, a convite de Helder Costa, diretor do Teatro A Barraca, de Lisboa, o espetáculo Companheiros faz uma temporada em Portugal. A Ensaio Aberto realiza uma co-produção com a Câmara Municipal de Lisboa e realiza a estréia internacional do espetáculo Morte e Vida Severina.
A temporada européia levou mais de duas mil pessoas a assistir ao espetáculo. Um decreto assinado pelo Governador Anthony Garotinho e pela Secretária de Cultura Helena Severo, torna a Companhia Ensaio Aberto grupo teatral subvencionado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro.

2002: 10 anos de história

Para comemorar os 10 anos de história a Ensaio Aberto montou A Missa dos Quilombos.
"O gigantesco galpão em que Luiz Fernando Lobo e sua Companhia Ensaio Aberto preparam o espetáculo Missa dos Quilombos, lembra, e muito, aquele em que Ariane Mnouchkine trabalha com o seu Théâtre du Soleil na Cartucherie, arredores de Paris." Roberta Oliveira – O Globo. A companhia recebeu a indicação ao Prêmio Shell, na categoria especial, por “10 anos dedicados ao teatro social” e Luiz Fernando Lobo ganhou o prêmio Golfinho de Ouro, dado pelo Conselho de Cultura do Estado, pelo conjunto de sua obra.

[1] http://www.ensaioaberto.com/

Um comentário:

Maria Garcia disse...

Wlad querida,
lembra de mim? Maria de Brasília do Setorial de Teatro, sou suplente.
Acabei de achar o seu blog, por indicação de uma aluna. Trabalho com ensino à distância pela UAB/UnB. E olha que feliz coincidência, encontro o seu blog!
Um abraço e muita luz, realizações e sucesso.
Maria Garcia